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CFOs brasileiros priorizam gestão de caixa e liquidez em atuação para 2015

Em cenário duro, a tendência é que empresas comecem a cortar custos, renegociar dívidas, além de vender ativos que dão prejuízo. Os objetivos, porém, variam entre as empresas multinacionais

Em tempo de baixo crescimento econômico, 64% dos CFOs (diretores financeiros) brasileiros veem a gestão de caixa e a liquidez como ação prioritária para este ano. A informação é de um levantamento realizado pela Michael Page no final de 2014.

De acordo com Henrique Bessa, diretor executivo da Michael Page, as maneiras de alcançar esses objetivos, dependem sempre do setor e do tipo de operação realizada por cada companhia.

Bessa conta que um dos movimentos feitos atualmente pelas companhias brasileiras é a retirada de seus investimentos de países que possuem risco muito alto.

Além disso, as companhias começam a retirar ou vender business que não fazem mais sentido, seja por darem prejuízo ou por seu retorno aparecer apenas em longo prazo. "O agrobusiness, por exemplo, tem repensado os investimentos na cana-de-açúcar, pois talvez em longo prazo, devido ao etanol, a cana não exista mais. Hoje em dia as empresas não têm mais tanta certeza do futuro", afirma Bessa.

A redução de despesas também é um caminho para as companhias, que também tentam renegociar suas dívidas. "O cenário atual é duro, por isso as empresas começam a olhar para dentro de casa e ver que precisam reduzir custos e diminuir suas expectativas", afirma o executivo.

Diferenças regionais

O levantamento mostra ainda que os CFOs europeus (62%), asiáticos (56%) e africanos (69%) estão mais focados na otimização de custos e os executivos americanos (56%) e do Oriente Médio (60%) preferem a otimização de processos para o próximo ano.

Para o diretor da Michael Page, Marcelo de Lucca, o foco dos CFOs são influenciados diretamente pelo momento econômico de cada região.

Já Bessa assume que as diferenças se traduzem pelo cenário corporativo em que os CFOs estão inseridos. "No Brasil, esse profissional tem muita autonomia e foca sua atuação em relação com bancos, captação, renegociação de dívidas. Já numa empresa multinacional localizada no Brasil, o CFO se ocupa com controle interno de informações, segmento de regras internacionais e operações em longo prazo", explica.

Alinhamento global

O alto volume de fusões e aquisições registrado na economia brasileira nos últimos anos, com a entrada de diversos players de capital estrangeiro também tem influenciado na atuação CFOs locais.

A maioria (62%) dos executivos considera o alinhamento de processos e controles internos prioridade para 2015, enquanto a média entre os profissionais de todos os países analisados pelo estudo é de 50%. Implementação de softwares e centros de serviços compartilhados também estão no radar dos profissionais.

Beça afirma que o principal caminho para esse alinhamento vem da exigência de multinacionais ou de investidores por uma empresa mais transparente e que faça maior controle de suas movimentações. Ele conta que essa tem sido uma situação muito comum nos últimos anos.

"Nesse ponto, fica a cargo da empresa escolher entre se preparar antes que a multinacional compre uma parte dela ou depois. No segundo caso, ela terá prejuízo na hora da venda", afirma o executivo.