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“A parte que falta” para a Geração Y

Seres humanos que somos, gostamos de sentir que fazemos parte de um grupo e começamos a entender melhor nossas próprias angustias quando as encontramos representadas nas angustias dos outros, e a verdade é que todos nós dedicamos uma boa parte dos nossos dias, de todos os dias, tentando entender o que é que falta e pensando no que podemos fazer para conseguir o que falta. E isso cansa!

Seres humanos que somos, gostamos de sentir que fazemos parte de um grupo e começamos a entender melhor nossas próprias angustias quando as encontramos representadas nas angustias dos outros, e a verdade é que todos nós dedicamos uma boa parte dos nossos dias, de todos os dias, tentando entender o que é que falta e pensando no que podemos fazer para conseguir o que falta. E isso cansa!

Desde fevereiro um vídeo tem sido compartilhado insistentemente, o famoso viral aconteceu mais uma vez. Trata-se da leitura na integra do livro infantil “A parte que falta” do autor do norte-americano Shel Silverstein pela youtuber Julia Tolezano em seu canal Jout Jout Prazer. (Vale a pena ver)

Existem centenas de interpretações do livro disponíveis na internet, mas achei uma bem simples e direta no site da Revista Crescer. Ai vai ela:

No livro, o protagonista – um círculo – está infeliz porque lhe falta um pedaço, como se uma fatia houvesse sido retirada de uma pizza. O personagem sai, então, à procura de algo para completar esse vazio. Ele encontra um pedaço, mas esta pequena parte diz que é completa e não pertence a outro ser maior. No caminho, se depara com muitos pedaços: grandes, pequenos, pontiagudos, alguns se soltam, outros se quebram, até topar com um que parecia o preencher. Mas quando a parte o integrou, algo mudou: ele rolava rápido e não podia mais parar para apreciar as pequenas coisas da vida.Todos os comentários que vi até agora sobre esse livro são relacionadas a vida pessoal e a busca incansável por “algo”, porém, ultimamente me pego fazendo algumas reflexões sobre minha carreira e a importância que eu e a maioria das pessoas da minha geração dão a esse assunto, e percebi o quanto a narrativa desse livro também se encaixa nesse tema.

A Geração Millennials ou Geração Y, têm um senso de urgência acima da média, querem “rolar” rápido, chegar a “grandes” cargos e ter grandes responsabilidades o mais rápido possível.

Eu chamo de geração da “frustração” (a qual eu estou dentro até o pescoço..rsrs), mas a questão é simples, nada define melhor felicidade do que a diferença entre realidade e expectativa, quando a realidade da vida de alguém está melhor do que essa pessoa estava esperando, ela está feliz. Quando a realidade acaba sendo pior do que as expectativas, essa pessoa está infeliz.

Mas outra coisa também está acontecendo. Enquanto os objetivos de carreira se tornaram muito mais específicos e ambiciosos, uma segunda ideia nos foi ensinada durante toda nossa infância:

É só procurar pela definição de “especial” para entender que a maioria das pessoas, incluindo você e eu, infelizmente não são “especiais”.

Triste não? Rsrs.

Uma outra ilusão acontece quando entramos no mercado de trabalho. Acreditamos que uma grande carreira é um destino óbvio e natural para pessoas tão excepcionais como nós.

Paul Harvey, um professor da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, e expert na geração Y, fez uma pesquisa onde conclui que a geração Y tem “expectativas fora da realidade” e “uma visão inflada sobre si mesmo”.

Ele diz que “uma grande fonte de frustrações de pessoas com forte senso de grandeza são as expectativas não alcançadas. Elas geralmente se sentem merecedoras de respeito e recompensa que não estão de acordo com seus níveis de habilidade e esforço.

Infelizmente – ou felizmente – o mundo não é um lugar tão fácil assim, e de maneira curiosa carreiras tendem a ser muito difíceis. Grandes carreiras consomem anos de sangue, suor e lágrimas para se construir e mesmo as pessoas mais bem-sucedidas raramente vão estar fazendo algo grande e importante nos seus vinte e poucos anos.

O problema, na verdade, é que sempre vai faltar alguma coisa. Quem sabe, o bacana é viver toda essa falta, – de maneira saudável, claro – o caminho e a coisa toda de chegar no fundo do poço e descobrir como sair dele.

“Rolar” rápido demais nos priva de diversas experiências que são obrigatórias na vida profissional, passamos muito tempo nos preocupando com o “como” e esquecemos o “porquê”. Saber como se faz, pode mostrar que você está preparado para o trabalho. Mas não podemos esquecer do porquê, esse sim irá mostra se o trabalho é o certo para você.

“Não importa quão devagar você ande, desde que não pare — Confúcio"